terça-feira, janeiro 23, 2007

O Palácio da Ventura

O Palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão -- e nada mais!


Antero de Quental

2 comentários:

Hipercubo disse...

Li este soneto pela primeira vez no 11º ano, ao folhear o meu livro de português. claro que não foi abordado na aula, nunca o eram aqueles que eu gostava, mas ficou-me sempre na memória. Ontem, por acaso, ao deambular pela net, redescobri-o e decidi partilhá-lo com vocês..espero que gostem

Unknown disse...

Antero no seu melhor, numa das suas frequentes fases Noturnas do seu bipolarimo emocional.

E este é fácil identificarmo-nos com.