quarta-feira, março 14, 2007

O mistério das notas desaparecidas (ou nunca aparecidas) e dos exames clonados

No Já longínquo mês de Setembro do ano de 2006, se a memória não me falha, no dia 22, realizámos na mui nobre FCML mais um exame rumo ao fim do curso...o exame de Medicina Legal. Digo apenas exame, sem me referir a "cadeira", pois meia dúzia de aulas teóricas dadas durante uma semana não podem ser consideradas, a meu ver, uma cadeira, mas as dúvidas surgem pertinentemente quando nos informam que o regente (e para ter regente precisa de ser "cadeira") é, nada mais nada menos, que o ilustríssimo Professor Doutor J. Esperança Pina, médico legista internacionalmente reconhecido...não!?..perdão, estão-me aqui a dizer que ele não é médico legista...deve ser engano...Oh! peço desculpa, tacanhez minha esta de pensar que a "cadeira" de medicina legal era regida por um médico legista...
Passados todos estes meses as notas do extenso exame (se a memória não me falha eram 4 perguntas e um atestado médico) ainda não foram publicadas, o que deixa os alunos na terrível dúvida sobre se estas aparecerão a tempo de estes se poderem inscrever no 6º ano...é que Setembro é já amanhã..
Entretanto, foram realizados mais dois exames de medicina legal. Um como recurso para os alunos que realizaram o exame em Setembro passado e outro já para os alunos que no primeiro semestre se encontravam em cirurgia...Surpresa das surpresas..tanto o exame de recurso, como o exame para o actual semestre de medicina (anterior de cirurgia), foram EXACTAMENTE iguais ao exame realizado em Setembro, autênticos clones...Nesta altura estão vocês a pensar - Pois, é a história do costume, o prof. não sabe que os alunos têm as perguntas dos exames anteriores e repete-as, porque "as perguntas não são infinitas" - Mas não, o professor no fim do exame deixa todos os alunos ficarem com o enunciado, o que nos faz pensar seriamente numa de duas hipóteses:
- Ou o professor anda-lhe a dar forte no midazolan e tem amnésia retrógada impedindo-o de se recordar que deixou os alunos do exame anterior (que por acaso até são do mesmo ano e até conhecem muito bem os colegas que farão o exame a seguir) levar os enunciados;
- Ou até o professor já se aperebeu da palhaçada que é a "cadeira" e...perdido por um, perdido por mil, "que se lixe o exame, vou mas é fazer esta merd@ toda igual que isto de ter uma cadeira que dura uma semana dá uma trabalheira do caraças".

Antes de terminar deixo só um palpite...Querem ver que o exame de Julho vai ser igual aos últimos 3? se fosse para apostar diria que sim...

sábado, março 10, 2007

Estágios de Saúde Pública

Caros amigos, preciso que me informem se estão interessados em fazer estágio de Saúde pública fora de Lisboa, seja noutra região do país (num centro de Saúde) ou noutra região do mundo. Segundo o que o departamento informou, somos livres para fazer estágio (de 6 semanas) em qualquer parte do mundo, seja individual ou em grupo. Basta que, para isso, conheçamos ou estableçamos contacto com um médico de Saúde Pública da região que pretendemos ir e elaboremos um projecto válido para ser aprovado pelo departamento. Penso que já começa a ser um pouco tarde para isto, uma vez que o departamento já está a incutir nos alunos do 4º ano a formação de grupos para a elaboração de projectos deste género. No entanto, já há protocolos estabelecidos em regiões como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, destinos válidos para quem estiver interessado, e que nos poupam já algum trabalho.

Relembro que, quem ficar em Lisboa, terá que fazer um questionário sobre determinado assunto, recolhendo os dados junto da população alvo, tratando-os e apresentado oral e por escrito no departamento de Saúde Pública.

Em Portugal, mas fora de Lisboa, prevê-se para já a realização de estágio em Évora, ilha do Pico, Beja (possivelmente).

Os alunos que quiserem fazer um estágio à distância passarão por um processo de selecção, que se inicia com a frequência do Curso de introdução à investigação clínica, que é obrigatória pelo menos para os que quiserem ir para África e para a ilha do Pico, embora seja altamente recomendado que todos o façam. Este curso será leccionado na faculdade, em Setembro deste ano, e terá a duração de 1 semana em horário "intensivo" (manhã e tarde). Basicamente servirá para "recapitular" (ou aprender como deve ser...) o que aprendemos em bioestatística e saúde pública sobre métodos de recolha e tratamento de dados que teremos de utilizar durante o estágio.

Passada essa condição inicial, e quanto aos estágios em si, é essencial perceber isto: para que estes se concretizem têm de ser os alunos a trabalhar em todos os aspectos. Terão de ser os alunos a desenvolver um projecto para estudar no terreno (o que implica conhecer os estudos necessários em cada local, rever a literatura sobre o que já foi feito e o que ainda será de utilidade para a região, etc), fazer os contactos necessários para arranjar financiamento para todo o processo (inclui viagens, alojamento, medicamentos, material, etc), elaborar o protocolo para trabalhar no terreno, etc etc. Todo este processo leva meses a completar, e é necessário os alunos estarem munidos de muita motivação para trabalhar desde já. Durante este processo, caberá aos alunos contactar com o Doutor João Luís Batista para se reunirem com ele, para que ele os ajude na elaboração do protocolo, dê informações sobre o local, etc etc. Tal trabalho ocorrerá em parceria com ele, implicando provavelmente reuniões semanais até Julho.

Nenhuma despesa será imposta aos alunos porque os alunos só vão para o estágio se quiserem e tiverem motivação para desenvolver o projecto. Assim sendo, quanto mais se trabalhar para obter patrocínios, menos encargos financeiros terão os alunos. No terreno, os alunos serão acompanhados por especialistas locais em saúde pública, colaboradores do departamento. Especificamente para África, não esperem maravilhas, luxos ou confortos. O departamento já conhece os locais de alojamento mais favoráveis para cada local (instalações militares, lares de freiras, coisas assim), não serão os alunos a procurar alojamento às cegas, terão nesse passo (tal como nos outros todos) a orientação do departamento. Em termos de transporte, depende do local. Nuns destinos há uns quantos veículos militares à disposição 24 horas por dia, noutros é ir a pé e acabou. Estas 6 semanas não são de forma alguma semanas de turismo ou diversão, há perigos e regras inerentes a cada local, pelo que os alunos terão de ter disciplina durante toda a sua estadia e cumprir as indicações do pessoal que os orientar no terreno.

Choose your path! May the force be with u all!

domingo, março 04, 2007

Uma pérola do cinema: Drácula 3000

Caros amigos, vou-vos apresentar o verdadeiro nenúfar, a relíquia-mor alguma vez idealizada pela indústria cinematográfica. Ladies and gentleman - o pior filme de sempre da história do cinema. Acreditem, melhor do que esta preciosidade artística, não irão encontrar. O género, não poderia ser outro: trata-se de mais uma versão a juntar ao monte de excrementos de historiazinhas de vampiros, dráculas e stuff.
Desta vez, a imaginação não teve limites e levaram o senhor drácula para os confins do espaço, em pleno século XXX, a bordo da sua nave espacial sofisticada. Aliás, sofisticação é ingrediente que não falta a esta película, pois só de facto nas mentes mais arrojadas e futuristas é que se poderia prever que o interior de uma nave espacial do ano 3000 se assemelhasse tanto a um submarino russo em avançado estado de decomposição. Pena Álvaro Cunhal já não poder assistir ao ressurgir do seu "sol do mundo" pois, imagine-se, até uma ou outra bandeiras russas se podem vislumbrar de relance no decorrer das filmagens. Quem diria que a humanidade, 1000 anos após, lhe iria dar razão...

Se estão assustados ou com temor do que vão assistir após verem a capa do filme, posso-vos dizer que isto se assemelha, numa comparaçao lisongeadora para este último, à propragranda realizada pelo senhor King Jong II em pleno auge da guerra fria. Não só não aparece no filme nada que se assemelhe ao que se vislumbra nessa imagem, como até dá a entender outra ideia do filme. É que, o meu maior dos espantos, o filme foi englobado na categoria "HORROR"! Posso-vos assegurar que o grande épico "A Pequena Sereia", particularmente a parte em k a bruxa má se transforma num polvo gigante, consegue ser nesses breves segundos mais aterrorizante que este drácula em 86 minutos.

Quer-se dizer, no fundo, uma pessoa até quer entrar dentro do espírito do filme. Mas, acreditem, nem o mais sério dos santos fica indiferente. Mal se se depara com a imagem do drácula, com um vestidinho e uma make-up que até a um transeunte do carnaval do Montijo provocaria o ridículo, por amor de Deus! Até a barriga doi de tanto rir! A accção é inacreditável, desde portas que abrem para o lado que der mais conveniência à acção do momento, passando pela qualidade avassaladora da narrativa (como por exemplo os personagens no âmbito da história estarem a pesquisar o que significa "Deus" e no momento a seguir ouve-se um deles a gritar "Oh my God!"), a inteligência sublime dos diálogos, até aos "combates" estonteantes entre o drácula e o van Helsing em que estes basicamente ficam imóveis na mesma posição enquanto o camera-man dá várias cambalhotas e efeitos giratórios com a câmara e de repente aparece muito sangue.. e à franqueza e infantilidade da personagem do drácula que, perante o mínimo das adversidades, foge para o seu caixão fechando-se. Absolutamente inacreditável! Mas o melhor, para fechar mesmo em beleza, é o final do filme. É um final que inexoravelmente provoca um efeito estático, já a musica final está a decorrer há 5 segundos e ainda estamos a tentar perceber, imóveis, em que parte do filme estamos. Melhor maneira para o descrever é imaginar o realizador dizer "Arre k já se faz tarde!".

Espantoso como actores conhecidos como o televisivo Casper van Diem ou a ex-Baywatch Erikah Eleniak (o que mais se vê no filme é os seios dela a abanarem nas inúmeras filmagens da forma verdadeiramente ridícula como corre) se debruçaram neste trabalho. A melhor forma de experienciarem a película é verem com os amigos, num compartimento bem isonorizado e com muito álcool à mistura. Imperdível!

sexta-feira, março 02, 2007

Tecnocracia

Tudo começou com a história das maternidades. O número de partos já não é o que era, as populações já não estão distribuídas da mesma forma e, acima de tudo, o número de obstetras é insuficiente. Era portanto necessário uma reestruturação dos serviços de atendimento natal, peri-natal e pós-natal do país. Para isso constituiu-se uma comissão de peritos a fim de elaborar um estudo no qual se deveria basear a tal reestruturação. Os "peritos" (escrevo peritos entre aspas porque chamar perito do que quer que seja a Jorge Branco custa-me um bocadinho...) analisaram e, com base nas directivas da OMS e na realidade nacional, decidiram fechar quase todas as maternidades com menos de 1300 partos/ano. Digo quase todas porque algumas, ainda que tivessem um menor número de partos, se mantiveram abertas. Acontece que como a maioria da população do país se encontra no litoral, o fecho das maternidades ocorreu sobretudo no interior, em alguns casos, no interior profundo do nosso país.
Ainda não estavam algumas populações refeitas do choque inerente ao fecho da maternidade da sua terra e, através da comunicação social, ficavam a saber que muito em breve as urgências médicas na sua região iam também fechar. Os médicos faltam (sobretudo naquelas zonas do país) a população é pouca e o dinheiro gasto para uma urgência destinada a tão poucas pessoas é demasiado. Pelo menos os estudos encomendados pelo mesmo ministro assim o ditaram..e se os estudos assim o dizem, assim se faça.
Não quero com tudo isto dizer que discordo das reestruturações, até pelo contrário, são essenciais para a sustentabilidade de um sistema nacional de saúde de qualidade, só acho que temos de ter muito cuidado como aplicamos as medidas e com a forma como utilizamos os estudos encomendados. Os estudos são como o nome indica apenas "estudos", cabe ao político, ao ministro, com o seu conhecimento da matéria, com a sua sensibilidade, com o seu espírito crítico e bom-senso avaliá-los e com base nos mesmos decidir como e o que fazer. Se assim não fosse não necessitaríamos de um ministro para nada, bastava-nos um qualquer funcionário administrativo. Este encomendaria os estudos e consoante a indicação de cada um dos mesmos tomaria as medidas necessárias para que os resultados dos mesmos fossem inflexivelmente aplicados.
Ninguém que tenha uma urgência médica a 10 minutos de casa, ficará contente caso esta seja encerrada, mas não é o mesmo fechar uma das várias urgências existentes numa grande cidade, que fechar a única urgência de uma pequena povoação a muitos quilómetros e más vias de comunicação da mais próxima. Tirar uma urgência médica, por mais básica que esta seja, a uma população nessas condições, é provavelmente condená-la ao desaparecimento mais ou menos precoce. Numa altura em que cada vez mais se fala na desertificação do interior e nas formas como esta desertificação deve ser combatida, algumas destas medidas soam de uma forma ainda mais despropositada. Nos estudos as pessoas são números, a realidade mostra-nos algo bem mais complexo. Uma urgência pode não se justificar no Barreiro, mas, ainda que servindo muito menos gente, justifica-se em Chaves ou em Freixo-de-espada-à-cinta. Uma maternidade com cerca de 1000 nascimentos por ano não se justifica em Santo Tirso, mas uma com 200 nascimentos por ano justifica-se em Elvas. A esta obcessão cega pelos estudos, a esta inflexibilidade que em alguns casos é quase desumana, chamo tecnocracia e pode ser essa "tecnocracia" a causa da queda daquele que tinha tudo para ser um extraordinário ministro da saúde...

Novidades

Caros amigos, como já revelei a alguns de vocês, a nossa turma ficou distribuída do seguinte modo para o curso do INEM:

- dias 30 e 31 de Março - Ana e Joana
- dias 27 e 28 de Abril - Sonecas e Dimitry
- dias 2 e 3 de Maio - Eu, Zélio, João, Miguel, Filipão

Depois serão informados do horário certo, mas o 1º dia será de suporte básico de vida e terá duração de metade do dia, e o 2º dia será o dia total e abordará o suporte avançado. Terão obviamente que ter tudo bem estudado (comecem desde já... : D)

Outra coisa importante, vai ser proporcionado a todas as turmas realizar o Curso Team, complemento de cirurgia, que pelo que informaram é um curso sobre colocação de catéteres e outros procedimentos de emergência. A nossa turma calhou para o magnífico dia de aniversário de alguém da nossa turma... dia 17 de Abril . Também depois informarei melhor sobre a logística.

Foi-nos ainda informado que a comissão de finalistas do nosso ano organizou, com o intuito de angariar dinheiro para a suposta viagem de finalistas, um encontro para estudantes de Medicina de todo o país, InPulso, que decorrerá nos dias 27, 28 e 29 de Abril no Grande-Hotel Caldas da Felgueira*** (concelho de Nelas, distrito de Viseu). Terá workshops e sessões clínicas sobre temáticas como gestão do tempo e técnicas de comunicação em medicina, saídas profissionais "alternativas" do nosso curso, abordagem ao exame de acesso à especialidade, internato médico e possivelmente um curso de cirurgia. O preço é de 68€ para quem se inscrever até final de Março e inclui estadia com pensão completa (inclui pequenos-almoços, almoços, jantares), spa e acesso às 2 festas a realizar. As inscrições serão no site da associação de estudantes.

Para finalizar, só para informar o Miguel que o sorteio que me encomendou para saber quem é o seu grande inimigo na turma 11 já foi realizado. E informo que o seu grande inimigo é........

António Monteiro