domingo, maio 18, 2008

O Justiceiro

Luís Filipe Vieira e motorista acusados de agressão

Por Sónia Graça

Os clientes da CGD que estavam, 2.ª-feira, na agência de Telheiras assistiram, atónitos, a uma agressão praticada pelo motorista do presidente do SLBenfica, incitado pelo próprio Luís Filipe Vieira. A PSP interveio e as câmaras do banco registaram tudo. Não é a primeira vez que o presidente do Benfica é protagonista de casos desta natureza.

in Sol

Se o agrediu é porque teve razões muito fortes para isso, concerteza. Este homem é um gentleman e só preza pela verdade. E quem diz o contrário mente.

P.S. - Estou curiosíssimo por saber como seria a capa do Correio da Manhã de 3ª feira se o agressor fosse o Pinto da Costa...

Contra Notícia

À partida não gosto de de colocar textos referentes a futebol neste Blog. Há sempre uma diminuição da capacidade reflectiva, pois cada um de nós está (e muito bem) preso à inflexibilidade irracional inerente à paixão pelo seu clube do coração.

No entanto, e face ao que nos últimos tempos se tem passado, não tenho outra opção que não fazê-lo (colocar/escrever/reflectir sobre assuntos relacionados com futebol).

Fala-se e escreve-se muito sobre os castigos aplicados ao FC PORTO e ao seu presidente, Pinto da Costa, escreve-se, a maior parte das vezes sem conhecimento de causa... Ninguém conhece o processo "Apito Final", mas todos aplaudem a "coragem" de quem o levou até "às últimas consequências". Coragem... Coragem seria fazer algo que contrariasse a opinião pública. Coragem seria absolver o FC PORTO, coragem seria não cair na tentação de se julgar mesmo sem ter os mecanismos necessários para tal, mesmo sem ter um tribunal (Não, o conselho disciplinar da liga não é um tribunal, longe disso).

O FC PORTO foi já condenado na praça pública, há inclusivamente jornais que têm toda uma equipe cujo o único papel é denegrir a imagem do clube. Agora é só arranjar formas de o condenar nos tribunais. E se os tribunais não existem, inventem-se!!

Tenho sido um leitor atento destes assuntos. Cada vez mais. É difícil encontrar informação não inviezada, mas muitas vezes até a encontramos escondida, encostada a um canto no mesmo jornal que dá manchete a uma notícia bombástica que pode ser mesmo posta em causa pelo raciocínio mais elementar decorrente da leitura da tal noticiazita escondida.

É com tristeza que vejo tudo isto. Este comportamento decorrente da psicologia de grupo, onde um aponta o inimigo e os outros, sem ousarem sequer investigar a veracidade da acusação, atiram pedras ao acusado. É com tristeza que vejo a inveja que reina neste país. O FC PORTO era um clube porreiro quando ganhava 2 campeonatos por década, quando ficava 19 anos sem ganhar um campeonato, quando entrava cheio de medo num dos estádios dos grandes da capital. Agora é a personificação da podridão do país, residente no ainda bárbaro norte, onde abundam curruptos e homens sem escrúpulos que beliscam com a sua rudeza os finos e delicados princípios do cosmopolitismo da capital. O seu presidente é um desses homens, com o seu sotaque vincado e piadas brejeiras... um burgesso que até declama Ántónio Nobre e Ramalho Urtigão, que tem lugar marcado na Casa da Música e que é mecenas e frequentador assíduo da Casa das Artes em Famalicão.
É com tristeza que vejo a inveja que o sucesso de alguns causa nos outros, sendo sempre necessário justificar o mesmo com patranhas.

Passarei portanto e a partir de agora, a abordar esta questão mais em particular, colocando textos, artigos de opinião, notícias, o que for.
Farei a minha parte nesta contra-notícia, neste contra-jornalismo...

Porque quando a história pode sempre ser contada de muitas maneiras... cabe-nos a nós escolher aquela que nos parece mais real.

sábado, maio 17, 2008

Porque é que isto não me causa espanto!?

Os números são elucidativos: na região de Lisboa e Vale do Tejo cada oftalmologista fez em 2006 cerca de 1090 consultas por ano, contra as 1380 asseguradas pelos seus colegas da região Norte e as 1528 garantidas pelos profissionais do Centro. Também na média de cirurgias/médico, Lisboa e Vale do Tejo ficava a léguas das outras regiões: abaixo das 100 cirurgias por médico/ano, quando no Norte cada médico fazia 233, em média, e, no Centro, 238. Estes dados já eram conhecidos desde o Verão passado, altura em que a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) concluiu um detalhado relatório sobre a situação. Mas só depois de as primeiras excursões de idosos de Vila Real de Santo António a Cuba (ver reportagem abaixo) aparecerem na comunicação social é que a lista de espera se transformou em escândalo nacional. O ex-ministro Correia de Campos chegou a dizer que bastava que os médicos fizessem mais meia consulta e 0,6 cirurgias por dia para que o problema se resolvesse.
São vários os especialistas que asseguram que, se Lisboa e Vale do Tejo trabalhasse ao mesmo ritmo que as outras regiões, o problema estaria muito atenuado. Os dados mais recentes da Administração Central dos Sistemas de Saúde (2007) corroboram os da IGAS: são enormes as assimetrias regionais. Florindo Esperancinha, coordenador do grupo de trabalho que fez um levantamento da situação, defende que estas assimetrias não são reais e que se devem a diferenças de registos, porque há hospitais que consideram todo o tipo de cirurgias e procedimentos e outros não. Mas Jorge Breda, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, não entende esta explicação, até porque as inscrições para cirurgia "estão em computador". Viajemos então até ao terreno. O segredo do sucesso dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), a unidade pública que mais cirurgias e exames da especialidade realiza, é muito simples: os oftamologistas têm à sua disposição um bloco operatório com três salas a funcionar de manhã e de tarde; além disso, desde há dois anos que funcionam como centro de responsabilidade, o que significa que os médicos recebem incentivos por produzir mais. "Há todo um passado de organização e motivação do pessoal", diz o director do serviço, Cunha Vaz. Como é que conseguem fazer cinco vezes mais cirurgias do que o Hospital de Santa Maria, em Lisboa? "Havia um treinador do Benfica que dizia "no comments"", ironiza, para depois destacar um dos factores que pode justificar tal diferença: "O acesso ao bloco operatório é crucial."No Hospital de S. João, no Porto, o segundo mais produtivo, não há incentivos nos moldes dos praticados nos HUC. Mas há pagamento à parte. "Operamos em cirurgia adicional [integrada no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia]", explica António Oliveira e Silva, director clínico. Cada cirurgia à catarata rende 809 euros, revertendo 52 por cento para o hospital e 48 por cento para a equipa. Os profissionais recebem mais, portanto, mas nem com pagamento adicional este programa conseguiu seduzir os oftalmologistas de vários hospitais de Lisboa. Alexandra Campos

in Público

sexta-feira, maio 16, 2008

Um país chamado Lisboa

Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2008
Aprova os objectivos e as principais linhas de orientação da requalificação e reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa inscritos no documento estratégico Frente Tejo.

No quadro das medidas de requalificação e reabilitação de áreas urbanas e em conjugação com as comemorações do primeiro centenário da implantação da República, o Governo irá promover a execução de um conjunto de operações destinadas à valorização da frente ribeirinha de Lisboa, visando a modernização, reorganização e renovação daquele espaço urbano.

Dando seguimento à intervenção urbanística mais relevante operada na cidade de Lisboa na viragem do século - Parque das Nações - a estratégia de intervenção projectada visa igualmente criar uma nova visão para a cidade e para a sua frente ribeirinha, possibilitando a reconciliação da cidade e dos seus habitantes com o rio Tejo e a zona ribeirinha, enquanto espaço cultural e de lazer, mas também permitindo a recuperação da sua centralidade em função dos novos usos que lhe vão ser dados e das infra-estruturas a implantar.

Estão previstas intervenções urbanísticas, a executar num horizonte temporal reduzido, na zona da Baixa Pombalina, na área compreendida entre o Cais do Sodré, Ribeira das Naus e Santa Apolónia, incluindo a reocupação parcial de edifícios da Praça do Comércio e a reabilitação dos quarteirões da Avenida do Infante D. Henrique, situados entre o Campo das Cebolas e Santa Apolónia, bem como no espaço público da zona da Ajuda-Belém, compreendendo a construção de um novo edifício para o Museu dos Coches e o remate do Palácio Nacional da Ajuda.

Considerando as acções previstas, resulta inequívoco o interesse público que as mesmas revestem não só para a cidade de Lisboa mas também para o País, uma vez que a requalificação e a reconversão a empreender incidem sobre zonas históricas cujo significado e relevo nacional motivam o reconhecimento do interesse público nacional das acções a realizar.

A dimensão e a complexidade destas operações e a sua associação às comemorações do primeiro centenário da implantação da República, que se cumpre a 5 de Outubro de 2010, justificam a constituição de uma estrutura própria para o efeito, dotada de poderes de utilização, fruição e administração de bens do domínio público afectos ao exercício das suas actividades e de um regime especial de contratação pública, imprescindíveis ao êxito da realização das acções previstas para a frente ribeirinha de Lisboa.

Assim:
Nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve:
1 - Aprovar os objectivos e as principais linhas de orientação da requalificação e reabilitação urbana da frente ribeirinha de Lisboa, bem como as respectivas zonas de intervenção, inscritos no documento estratégico Frente Tejo anexo à presente resolução e da qual faz parte integrante, levando ainda em consideração a vontade manifestada pela Câmara Municipal de Lisboa, por deliberação de 16 de Abril de 2008, de um possível alargamento do âmbito da intervenção.
2 - Determinar que as operações de requalificação e reabilitação urbana da frente ribeirinha de Lisboa sejam executadas por uma empresa pública a constituir sob a forma de sociedade de capitais exclusivamente públicos, a qual disporá de poderes excepcionais, designadamente em matéria de contratação pública e de utilização, fruição e administração de bens do domínio público. 3 - Reconhecer o interesse público nacional das operações de requalificação e reabilitação urbana da frente ribeirinha de Lisboa a realizar pela sociedade referida no número anterior. (...)

Muitos dirão - vira o disco e toca o mesmo, estás sempre a bater na mesma tecla. Eu respondo - é verdade, mas não sou o único. O governo também!

Já nem é com revolta que vejo este tipo de notícias, de resoluções de ministros, de governação. É com uma enorme tristeza...
Tenho pena que muitos vivam presos no medo de parecerem "mesquinhos e provincianos" e, tal qual os populares observando o rei que passeava nú à sua frente, assobiem para o ar e finjam não ver aquilo que é evidente.