sábado, outubro 25, 2008

Saudades...

Ultimamente tenho-me deparado inúmeras vezes com a necessidade de responder à pergunta - Então pá, que tens feito? - ao que respondo - nada de especial, sabes que agora tenho de estudar para o exame de acesso à especialidade e passo o dia todo nisso. Claro que logo a seguir vem logo a outra pergunta - e quando é o exame? - ao que respondo - daqui a um mês. Então ainda tens muito tempo - dizem logo a seguir. A este último comentário já estou tão farto de responder que digo apenas que sim, o pior vem depois, quando se apercebem que já ando um pouco farto de ler todos os dias palavras escritas em Arial 4 (ou serão Verdana?) e dizem - Ainda vais ter saudades de estudar isso...
Sinto-me portanto na necessidade de fazer um esclarecimento público.

Caros leitores, familiares, amigos, conhecidos e anónimos, caso um dia, sejam apenas umas horas ou, pelo contrário, uns valentes anos após a realização do dito exame eu disser algo como - Epa, que saudades tenho eu de estudar o Harrison´s a eito... aquelas letrinhas minúsculas, aquelas horas a fio na mesma posição, aquelas folhas tipo bíblia... que saudades. - peço-vos encarecidamente que me internem compulsivamente num hospital psiquiátrico.

Mas pensando bem, há alguma verdade por detrás disso. 
Quem gostou da adolescência? durante esta desejamos a todo o custo ser adultos, no entando, agora temos saudades desses tempos. Temos saudades dos tempos de criança, onde estávamos dependentes das vontades dos adultos que nos controlavam completamente e davam frequentemente aquele "não argumento" que era - Um dia quando cresceres vais compreender o que quero dizer, por enquanto és muito novo - que eu espero que nenhum dos leitores o faça aos filhos. Temos saudades de rir, temos saudades de chorar, temos saudades de férias que na altura não tiveram piada nenhuma ou mesmo da professora primária que nos dava 10 réguadas por cada erro no ditado. Temos saudades de ter de voar de avião com uma coisa pendurada ao pescoço, temos saudades de nos levantar cedo para ver os desenhos animados, das músicas que ouvíamos na altura e das festas em que por mais músicas que dançássemos agarrados àquela rapariga que gostávamos, ela nunca nos deixava dar o augurado beijinho no pescoço.
Concluindo, do que nós gostamos é de sentir falta de algo, de ter saudades. 

Assim, ainda terei saudades de não sentir saudades de estar a estudar para o exame...

3 comentários:

Anónimo disse...

A nostalgia é implacável! Será que até isto ficará guardado como uma boa recordação??

We Are Machines Of God disse...

É uma reflexão pertinente esta que o Micles relatou aqui no diário de bordo! Não são poucos os momentos em que jurei para comigo mesmo não sentir saudades e que ao cabo de alguns anitos se me renascem na cabeça como que a latejar e a dizer "oh tempo volta para trás". Em relação a estes meses fatídicos de estudo, tal não creio ser possível, mas.. fica sempre o mas agora!!! Acho que não te iríamos internar na ala reservada aos malucos, porque afinal de contas quem é que é maluco neste mundo? Nós ou eles? ;p

Abraços.

FVilasBoas disse...

Os dias vão passando e o momento tão aguardado pareçe ao mesmo tempo tão próximo quanto distante...
Se por um lado a razão me consome para passar o dia a estudar, por outro o cérebro pede descanso e invoca memórias das férias bens passadas e dos períodos de boémia passados convosco.
Já só me imagino com os meus grandes amigos no piolho às 6 da tarde do próximo dia 20 a falar de tudo menos do absurdo que foi dedicar quase um ano da nossa vida a um exame.
Abraços a todos.
Ânimo!