quarta-feira, dezembro 17, 2008

De há uns anos para cá...

Braga tem sido nos últimos anos uma das cidades do país em maior crescimento (área e população). Como bracarense foi com profunda tristeza que fui assistindo à degradação desta bela cidade.
O culpado figura na imagem em baixo...


(imagens: http://bracarangustia.blogspot.com/)

6 comentários:

We Are Machines Of God disse...

Afinal o Rato vem ao blog, e mais, vem para publicar algo que não seja para vender e/ou distribuir ;p

Não é o Mesquita Machado que está na CM há mais de 30 anos? Faz-me lembrar alguém.. é sabido que quem está no "poder" de algo há anos, e nos dias que correm, das duas três ou é "ditador" ou é "corrupto" e tem todo um sistema engendrado para ali se manter.

Hipercubo disse...

Depois de clássicos como "vendo router barato", dr. Rato volta ao blog para escrever algo sobre a sua cidade. Temos todos a ganhar com isso!

Em relação à cidade de Braga, e sendo uma pessoa que, consequência do ambiente familiar, desenvolveu algum interesse pelo urbanismo (ainda que perceba pouco do assunto, como aliás, de quase tudo), desde há uns tempos para trás, e especialmente desde que tenho amigos oriundos dessa terra, tenho olhado com alguma apreensão para o desenvolvimento da mesma. A forma descoordenada como os prédios "crescem" do chão, aliada a uma quase total ausência de ordenação, ferem a cidade, não só do ponto de vista estético, como comprometem, a médio e longo prazo, a qualidade de vida na mesma. O grande problema põe-se na forma como é possível vencer este tipo de questões.
Ao contrário do que dizes no post, não considero o Mesquita Machado o principal responsável pelos problemas. Os responsáveis foram os Bracarenses, que ao longo de anos nada ou pouco fizeram. O problema é a falta de educação, cultura e espírito crítico. O problema e a raíz do mesmo perde-se nos tempos e é de uma multifactorialidade de tal ordem complexa, que seria de uma enorme arrogância da minha parte estar aqui a apontar uma única causa para o efeito que se vê.

Ao contrário do que o nosso amigo "máquinas de guerra" diz, não concordo minimamente com qualquer relação entre tempo de poder e corrupção. Não que não possa ser verdade, neste ou naquele caso. Pode até ser virtualmente verdade em todos, só acho é que temos, de uma vez por todas, de deixar de mandar suspeitas para o ar "à la taxista", sob pena de um dia mais tarde sermos confrontados com uma realidade diferente da mais óbvia e termos de dar o dito por não dito.
Lançam-se demasiadas suspeitas para o ar, a maior parte delas não fundamentadas. Lançam-se por inveja, crítica e muitas vezes desconhecimento aprofundado da realidade. Lançam-se porque é o mais fácil de fazer, é a forma mais conveniente de justificar algo que doutra forma nos é difícil de compreender.
Não quero com este discurso ilibar os presidentes da câmara, juntas de freguesia ou associações desportivo-recreativo-culturais. Quero apenas que em vez de atirarmos a suspeição para o ar de forma infundamentada, que, caso estejamos interessado em tal, tentemos investigar o assunto convincentemente e depois combater aquilo que achamos estar mal. É este tipo de opção que nos legitima, que nos faz parecer sérios e nos proporciona uma acção revitalizadora, uma acção interventiva na sociedade.

Conto convosco para mudar o mundo...

We Are Machines Of God disse...

:) estou totalmente de acordo contigo Micles quando dizes que devemos fundamentar, averiguar, formar opinião com base em algo em concreto.. mas mesmo quando por aí enverdamos, a linha que separa o facto real do facto relatado, é muito grande e com contornos mal definidos.

Tomando como exemplo o que aqui publiquei há dias, falo do artigo com as páginas dos 3 principais jornais desportivos da altura acerca do "caso" calabote, limmitei-me a constatar o que foi dito em unanimidade pela imprensa, e mesmo que se diga e apregoe infinitamente que a mesma seria manipulada, nada nem ninguém pode contrariar os factos "reais" do jogo da luz: os minutos de desconto concedidos e o número/veracidade dos penaltys marcados. Isso ninguém pode adulterar, e pelos vistos a moda "a la taxista" conseguiu e consegue ainda modificar os mesmos factos. Sempre ouvi falar do calabote e sempre achei que fose verdade, tal como me falavam.. de modos que ou se teve a oportunidade de ter ido ao jogo ou o que se sabe reside apenas na informação que ficou escrita.

Em relação ao senhor Mesquita Machado, não tendo eu conhecimento de fundo acerca do trabalho realizado nos vários pelouros da CM, realizei um juízo de valores que não se aplicava exactamente a ele.. falei no geral e mostrei a minha opinião acerca de cargos públicos, que com tanta diferença de opiniões e motivações nos dias de hoje, acho e continuo a dizê-lo, muito difícil, para não dizer impossível, uma só pessoa à frente de uma CM, por 30 anos! Mas como não tenho base de facto "real" limito-me ao juízo livre e arbitrário.

f_vilasboas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
FVilasBoas disse...

Concordo em parte com ambos. Também sou da opinião de que a probabilidade de alguém enveredar por caminhos "menos legais" é proporcional ao tempo no "poder"... Talvez o termo ilegalidade não seja o correcto, já que há muitas formas de contornar as regras, sem quebrar lei. O que é inevitável é que o autarca seja tentado a privilegiar este ou aquele em detrimento de outros, muitas vezes melhor preparados para os cargos, funções, obras,decisões, etc. Em braga,qualquer cidadão minimamente atento, considerará correcto este raciocínio, já que é notória a posição monopolista de 2 ou 3 empresas de construção civil da região (num universo de dezenas) em tudo quanto seja espalhar betão pela cidade.
Dou a mão à palmatória; M.Machado, quando assumiu a CMB imediatamente após o 25 de Abril (o que faz dele o autarca do país há mais tempo à frente dos destinos de uma cidade), colocou Braga na rota do crescimento, tornando-a numa cidade atractiva e dinâmica. Teve o mérito de tirar as pessoas de barracas e colocá-las em bairros sociais, atraiu as empresas para a região, criando inúmeros parques industriais para aqueles se instalarem, criando emprego. Contudo, é preciso não esquecer que se viviam tempos de vacas gordas, o que lhe facilitou o trabalho.
Mandato após mandato, as "borradas" foram-se sucedendo e o resultado mais visível e que mais me entristece é, como o Hipercubo referiu, a cidade ter-se tornado num imenso amontoado de betão, sem espaços verdes nem áreas de lazer.
M.M. soube aproveitar a "falta de educação, cultura e espírito crítico" que o hipercubo refere para ir ganhando as eleições. E conquistou a Câmara, sobretudo nos últimos mandatos, à custa dos eleitores das freguesias periféricas, mais rurais, onde as bolas, os balões e os porta-chaves da campanha amealham as "cruzes" no dia das eleições.
Temo que os erros cometidos sejam agora irreparáveis, mas como bracarense tenho esperança que a Bracara angústia, volte a ser augusta...

Hélder Aguiar disse...

Concordo com a visão de todos. É com desânimo que assisto a esse desenfreado urbanismo em Braga, nas minhas visitas recentes à cidade. Também em São João da Madeira se estava a começar a passar algo de semelhante, se me permitem agora uma pequena exposição sobre a minha cidade.

O anterior presidente de câmara, no poder quase desde o 25 de Abril, foi um grande impulsionador do desenvolvimento recente da cidade e fez muito por ela. No entanto, no seu último mandato sucederam-se erros e falta de visão estratégica, numa orientação baseada no betão e pouco na cultura, tanto que transformou exageradamente todos os cruzamentos da cidade (e até alguns pontos que não eram cruzamentos!) em rotundas, ruas em desnecessárias avenidas (incluindo a minha), entre outras coisas. Felizmente, os eleitores souberam mudar de estratégia a tempo. Talvez aí uma das vantagens de SJM ser um concelho com uma única freguesia...

Hoje a cidade planeia com qualidade, e há um jardim ou um espaço verde quase em cada esquina, para não falar do grande avanço a nível da cultura. Infelizmente, apesar de ser a 2ª maior cidade do distrito de Aveiro, a nível administrativo continua a perder muito, sobretudo para Sta. Maria da Feira, que ganha por ser sede de um concelho desproporcional (31 freguesias) para a cidade minúscula que é (11.094 habitantes em 2001).

A área de influência de SJM é muito maior que os limites do pequeno concelho, basta dar o exemplo das 3 zonas industriais, parque escolar extenso com 3 escolas secundárias (e em construção a quarta) e uma ampla área comercial. Em adição refiro que São João da Madeira, se apenas albergasse as freguesias que lhe fazem fronteira (cujos cidadãos estão incomparavelmente mais ligados a SJM do que às suas sedes de concelho, com uma larga proporção da população ou a estudar ou a trabalhar na cidade), continuaria um concelho muito pequeno com apenas 8 freguesias, mas teria uma população de mais de 50.000 habitantes (S. João da Madeira 21.102, Arrifana 6.544, Milheirós de Poiares 3.859, Mosteirô 2.043, Macieira de Sarnes 2214, Vila de Cucujães 11.094, São Roque 5.480 e Nogueira do Cravo 2.852, totalizando 55.188 habitantes). É pois, de longe, a maior área urbana da região Entre Douro e Vouga.

Por isso é com revolta que vejo, sucessivamente ao longo dos anos, passarem a administração de todos os serviços para Sta. Maria da Feira. O caso mais recente é o do inexistente Tribunal de Sta Maria da Feira, que pretendem torná-lo sede de comarca dos concelhos de Entre Douro e Vouga, quando SJM tem um tribunal completamente novo e amplo! Para não falar das sucessivas tentativas de veto de Santa Maria da Feira à A32, a autoestrada que irá ligar directamente São João da Madeira ao Porto, já adjudicada (recentemente prolongada no projecto até Oliveira de Azemeis) muito pelo esforço do actual presidente de câmara.

Aplaudo a decisão recente de criação do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, que irá juntar os hospitais de SMF, SJM e OAZ, e as ideias de um futuro suburbano que irá ligar estas cidades ao metro do Porto. Bom, tudo isto para dizer que, não querendo monopolizar os serviços todos da região para SJM (que até tem alguns), longe disso, considero que se está a entrar numa via em que todos estão lentamente a cair para os domínios de Santa Maria da Feira, o que é verdadeiramente absurdo demograficamente, para quem conhece a região. Eles lá devem ter a sua "via rápida" a nível político! É caso para dizer, "A montanha pariu um rato!".

Desculpem ter fugido um pouco ao post em questão : )