segunda-feira, junho 25, 2007

Em terra de cegos, quem tem olho é rei

Portugal "ganhou" hoje um novo museu de arte contemporânea. Estou, claro está, a falar da inauguração da colecção Berardo que abriu as portas no Centro cultural de Belém. Até aqui tudo bem, mas o que é que pagamos por isso?
O que é público é que no primeiro ano (2007) o estado pagou 7 milhões de euros, quanto pagaremos nos próximos anos ainda está no segredo dos deuses, o que sabemos é que está previsto o pagamento de 500 000 € por ano para o enriquecimento da colecção. Se pensarmos que o Museu Nacional de Arte Contemporânea - o Museu do Chiado - tem como verba anual 200 000 € para enriquecimento da colecção, percebemos a amplitude do golpe (de mestre)v infligido por Joe Berardo ao estado português.
Chegou com uma mancheia de obras de arte, um enorme património que só por sermos ignorantes e periféricos é que o iríamos desperdiçar e saiu com mais uns milhões no bolso, um local previligiado para expor o seu espólio e uma verba única no país para a alargar. Bastou para isso usar com mestria o seu peso mediático, ameaçar com fugas para o estrangeiro e conversar despreocupadamente com um primeiro ministro sedento de exposição pública. Pelo meio deu ideia que a ministra da cultura ainda tentou evitar, mas tal não foi suficiente para travar a vontade do entretanto convencido (pela tal conversa despreocupada) Sócrates e todos regozijaram de felicidade pela enorme "vitória" que foi a conquista da tal colecção imperdível, ainda que para tal tenhamos de gastar muito mais que aquilo que provavelmente gastaríamos em criar uma colecção realmente NOSSA, no NOSSO verdadeiro Teatro Nacional de Arte Contemporânea...

Sem comentários: